O protagonismo da mulher rural
Moradora de Palmas há 8 anos, Francimar de Sousa Delmondes Moreira (57), mudou-se para a capital após perder tudo que havia conquistado em Mineiros – GO, trabalhando com hidroponia. Em fevereiro de 2011, a intenção de Francimar – com o esposo Sebastião e os dois filhos – era continuarem na hidroponia e melhorar de vida, em termos financeiros. No entanto, o investimento era muito alto, e por não possuir capital de giro, não foi possível manter o projeto. Começaram a perder todo o plantio que haviam iniciado, como melancia, couve e pimentão, devido ao ataque de pragas. Para Francimar, quando começou a perder até o tomate-cereja, mesmo dentro da estufa, foi o momento de parar de trabalhar com hidroponia. Um ponto positivo para a produtora é que a terra, onde ela e o esposo moram até hoje, pertence ao casal.
Francimar trabalha nos dias de hoje com o plantio de mandioca, coco e pimenta em sua própria terra, localizada no Projeto São João, a 38 km da capital Palmas. Atualmente, a produtora vende o que colhe para feirantes e faz entrega em supermercados. Além disso, os moradores das cidades próximas se dirigem à sua chácara para adquirir seus produtos. Normalmente, o comum na vida das mulheres rurais é uma jornada de trabalho dupla ou até mesmo tripla. Para Francimar, associar o trabalho e a vida de dona de casa – cuidar do esposo, filhos e casa – nunca foi um problema. “Me sinto realizada com a minha jornada, por amar trabalhar no que faço. E meu esposo sempre está disposto a me ajudar.”
Francimar se emociona ao lembrar de toda sua garra para seguir em frente e manter a família estruturada após algumas perdas. “Fui uma fortaleza. Não desisti fácil. Lutei pelo meu ideal, superei e me mantive forte”, esclarece.
Aos 57 anos, ela sonha com a sua aposentadoria, pois sabe que o benefício lhe proporcionará uma renda mais alta. “Pretendo ainda, continuar plantando e desenvolvendo meu trabalho no campo de forma que eu continue concretizando o meu trabalho”, afirma. Em relação ao governo atual, a trabalhadora rural acredita que é preciso mais oportunidades tanto para produtores, como para produtoras. “Não espero que ninguém venha me dar nada. Mas o que eu espero é que eu me sinta retribuída com o que eu sempre corri atrás para conseguir”, destaca.
Quando perguntada se o trabalho no campo deixou marcas em seu corpo, Francimar esclarece que evita excesso na jornada de trabalho. “Pelo contrário, eu não trabalho debaixo do sol de meio-dia que chega arde a pele. Não faço trabalho para me prejudicar. Não fico pensando em ganhar dinheiro para no outro dia adoecer e já usar o dinheiro no hospital. Trabalho nas minhas possibilidades e no meu limite. Quero ter ainda mais força no final. Se eu me esgotar agora, não vou chegar aos 70 anos”, pontua.
Francimar deixa um recado para as mulheres do campo: “As mulheres estão sempre à frente de alguma situação. As mulheres rurais são guerreiras e determinadas. O sol no campo não é nada fácil! Mas nós fazemos porque fomos designadas a isso. Deus nos escolheu e ainda nos capacita! O mais necessário é Deus, o trabalho feito com amor e procurar manter a vida saudável”, conclui.
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