Dia Nacional da Acessibilidade: conheça o projeto de inclusão da área da saúde
No dia 5 de dezembro, comemora-se o Dia Nacional da Acessibilidade. A data visa conscientizar a sociedade sobre a importância de garantir os direitos e as oportunidades para as pessoas com deficiência. Nesse contexto, a Universidade Federal do Tocantins (UFT) se destaca por desenvolver projetos de inclusão para alunos com deficiência, especialmente na área da saúde.
Um exemplo desses projetos é o que envolve os cursos de Enfermagem, Medicina, e Nutrição que se uniram para ensinar anatomia para o acadêmico Felipe da Silva, que tem deficiência visual. O projeto foi criado pela professora de Medicina Gabriela Ortega. Ela conta que o curso de Medicina se adapta para ensinar anatomia para alunos com diferentes deficiências, usando recursos como maquetes, podcasts e vídeos.
A Coordenadora do Museu de Morfologia, Tainá Abreu, ensina anatomia nos cursos de Enfermagem e Nutrição. Ela foi responsável por lecionar anatomia para o Felipe. Conta que não soube como conduzir a aula quando ele ingressou na turma e, a partir disso, buscou apoio e formas de inclusão: “Ele falou em uma das aulas, que a limitação visual dele naquele momento não foi limitação pra ele fazer a disciplina, então esse objetivo foi alcançado. Ele vai ser um dos avaliadores para observar se a gente já conseguiu alcançar os objetivos.” comenta otimista.
Posteriormente, destaca ter ficado feliz por ter tido suporte dos alunos que se ofereceram para contribuir e serem monitores voluntários. Foram feitas adaptações nas aulas teóricas e práticas, utilizando recursos como impressora 3D, alfinetes e seminários para tornar acessível o aprendizado do Felipe.
As perspectivas de Felipe, colegas e monitora
O Felipe da Silva é o protagonista dessa história de superação e inclusão. O aluno de Enfermagem vem perdendo a visão desde os 16 anos e atualmente só enxerga vulto e claridade por um dos olhos. Ele comenta as aulas de anatomia com a ajuda da professora Tainá Abreu e dos monitores e dos colegas: “As aulas foram todas muito boas. A Tainá é uma professora excelente e se esforçou bastante para que eu pudesse aprender o conteúdo igual aos outros alunos. Enquanto ela ministrava a aula, ia me mostrando o que estava explicando nas peças anatômicas. Foi maravilhoso conseguir entender todos os conteúdos”.
Alunos de Medicina, Enfermagem e Nutrição participaram do projeto de inclusão, se envolveram na criação de peças de anatomia acessíveis para o Felipe e outros alunos com deficiência. Uma aluna de Nutrição comenta que a acessibilidade não é apenas uma questão de direito, mas também de inclusão e aprendizagem: “A gente viu que a professora se esforçou ao máximo para inserir o Felipe na aula, realmente trouxe ele para o campo de aprendizado, numa aprendizagem ativa”.
Comenta outro colega: “Ver o Felipe, que pra mim estava tendo a mesma oportunidade que eu, e na verdade, estava sabendo muito mais, foi muito bacana. Ele não estava sendo aquele ‘troféuzinho’ que precisava de acessibilidade, na realidade, estava caminhando junto com todo mundo”.
A monitora voluntária, Bruna Martins, é estudante de Medicina, e participa do projeto do Museu de Anatomia e Morfologia da UFT. Afirma que o projeto teve um impacto positivo na sua formação como futura médica. Participou do trabalho de desenvolver peças de anatomia acessíveis e se sensibilizou: “É um processo que, além da gente desenvolver novas habilidades, a gente compreende vários privilégios que a gente possui, e o quanto é importante a gente reconhecer esses privilégios e enxergar as pessoas que não têm esses mesmos privilégios que a gente”.
Mas afinal, o que é Acessibilidade?
Para a estudante de Direito, com baixa visão, Michelle Veras, acessibilidade "é o desenho universal ser apropriado para todos. Agora, para o estudante também de Direito, com baixa visão, Phelipe Mesquita, a acessibilidade começa quando a sociedade te vê como uma pessoa comum, para de te diminuir, de ter capacitismo. Para a estudante de Jornalismo, com surdez, Isabella Flávia, a acessibilidade é quando pessoas com qualquer tipo de deficiência são inseridas na sociedade".
Acessibilidade pressupõe autonomia para que qualquer pessoa, com ou sem deficiência, possa circular e interagir em todo e qualquer ambiente, seja ele de uso coletivo ou privado.
Ela é uma das primeiras e mais elementares reivindicações das pessoas com deficiência e com mobilidade reduzida. De acordo com a Lei 13.146, de 2015, a qual instituiu o Estatuto da Pessoa com Deficiência, o termo acessibilidade significa: “Possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e autonomia, de espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações, transportes, informação e comunicação, inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como de outros serviços e instalações abertos ao público, de uso público ou privados de uso coletivo, tanto na zona urbana como na rural, por pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida”.
Para Sassaki (2006) o termo “acessibilidade” passou a ser largamente empregado nos últimos anos, deixando de ser associado apenas a aspectos arquitetônicos e/ou relacionados a aspectos físicos para ser relacionado diretamente com o paradigma da inclusão social e da diversidade.
A acessibilidade busca eliminar barreiras físicas, linguísticas, de ensino, de recursos práticos e de percepção.
Nesta visão, o termo “acessível” se torna uma característica essencial do ambiente que garante a melhoria de qualidade de vida para todas as pessoas, com ou sem deficiência, no qual a UFT tem lutado para melhorar a cada dia.
E qual é o horizonte de Acessibilidade da UFT?
Para saber mais sobre o cenário de Acessibilidade da UFT, acesse a segunda parte dessa reportagem especial, clique aqui.
Redes Sociais