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DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA

Dia da Consciência Negra

Por Liz Castro | Revisão: Paulo Aires | Publicado: Segunda, 20 de Novembro de 2023, 15h08 | Última atualização em Terça, 21 de Novembro de 2023, 14h24

Em 20 de novembro, comemorado nacionalmente o Dia da Consciência Negra, é lembrado a luta, a determinação e a contribuição da população negra na formação da identidade e cultura brasileira.

Neste sentido, é importante entender como a Universidade Federal do Tocantins (UFT) tem contribuído para garantir a política de ações afirmativas desse grupo na Instituição.   

Durante o Consuni, no mês de maio, a UFT aprovou a Política de Ações Afirmativas para atender as demandas e necessidades da comunidade acadêmica. A professora Solange Nascimento, pesquisadora na temática de relações étnico- raciais, conta que “é necessário a mobilização da comunidade universitária para cobrar a implementação e efetivação dessa política, que deve ser um compromisso da gestão superior em criar mecanismos de enfrentamento ao racismo institucional e estrutural”.

A professora explica que, além de permitir a entrada desses estudantes à universidade, é importante também garantir a permanência deles na instituição: “é necessário o aprimoramento de políticas que garantam a permanência desses alunos na universidade. A permanência se garante com adequação curricular, metodológica, arquitetônica e acolhimento dos estudantes. Acesso sem políticas consistentes de permanência  fragiliza a efetividade dessas políticas”, disse.

Solange destaca ainda as atividades sendo propostas em diferentes iniciativas  na Universidade, tais como:

Apesar das atividades em alusão ao Dia da Consciência Negra serem realizadas nesse período do ano, a luta acontece todos os dias e, por isso, não pode ser tratada de forma esporádica. “Embora as atividades se adensem nesse período, a questão racial não pode ser tratada de forma sazonal na universidade, mas deve se efetivar como uma pauta permanente, com programas de letramento racial para o corpo técnico e docente, além de figurar nas matrizes curriculares de todos os cursos oferecidos pela instituição”, pontuou.

O professor em Educação, Inclusão e Tecnologias Educacionais, George França, enfatiza que o racismo na universidade existe e que algo precisa ser feito para combatê-lo: “Enfrentamos ainda a falta de sensibilização sobre questões raciais em alguns ambientes acadêmicos, alertando que o racismo é algo presente dentro das universidades. No entanto, temos algumas oportunidades como: ampliar as políticas de cotas tanto para os cursos de graduação quanto para os programas de pós-graduação, elevar a curricularização da história e cultura afro-brasileira para todos os cursos de graduação de forma efetiva. Além disso, fortalecer programas de ação afirmativa, expandir currículos inclusivos, promover espaços de diálogo e debates sobre questões raciais, aumentar a representatividade de professores e técnicos administrativos negros e apoiar iniciativas que promovam a igualdade racial e o respeito à diversidade”, explicou.

O professor conta ainda que o racismo deve ser tratado como prioridade: “Acredito que as universidades podem ser agentes transformadores da realidade das pessoas que mais precisam e, como tal, precisam ser atuantes e capazes de enfrentar o racismo como um problema que deve ser atacado com prioridade. É o compromisso contínuo e ações efetivas que garantirão uma educação superior verdadeiramente inclusiva, igualitária e consciente da história e cultura negra para todos”, concluiu.

Joice Danielle é aluna de Jornalismo e reforçou a necessidade das cotas para o ingresso à universidade: “Na época que ingressei não tinha muito conhecimento sobre cotas, por isso optei pela ampla concorrência.  Mas, hoje, olhando para trás percebo que essa opção foi fruto de uma visão construída com base no que ouvia de outras pessoas, que por sinal tinham e ainda têm uma visão completamente errada dessas políticas afirmativas.   Se olharmos para a história do país, fica mais fácil compreender como as pessoas pretas foram marginalizadas ao longo dos anos e isso reflete também no acesso à educação. As cotas vêm exatamente nesse sentido: diminuir as discrepâncias no acesso ao ensino superior.  E foi exatamente na Universidade que tomei consciência plena disso”, disse a aluna. 

A UFT tem caminhado rumo à uma universidade cada vez mais inclusiva e com políticas que atendam às demandas da população negra, mas, para sua efetivação, há ainda muito a ser feito. 

Joice ressalta que a Universidade tem uma importante missão nessa luta: “Mas é claro que precisamos avançar sempre, não podemos restringir essas  discussões apenas a um mês específico ou uma data específica. Foram mais de 300 anos de escravidão no Brasil, e vivemos o reflexo disso todos os dias, por isso a luta  contra o racismo precisa ser diária e a Universidade precisa contribuir para isso, principalmente através da publicização das pesquisas e apontamentos produzidos aqui. É muito importante falar de tecnologia, de empreendedorismo e de tantas outros temas, mas é fundamental também falar sobre racismo, porque o racismo estrutural, o racismo institucional, racismo algorítmico existem e continuam fazendo vítimas diariamente”, finalizou.

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