Nujor participa do 20º Encontro Nacional de Professores de Jornalismo; confira
Realizado entre os dias 09 e 11 de agosto de 2021, o 20º Encontro Nacional de Professores de Jornalismo (ENPJ), realizado anualmente pela Associação Brasileira de Ensino de Jornalismo (Abej), se firma como importante espaço de discussão do ensino do jornalismo e suas práticas no cenário nacional. O evento, que ocorreu de forma on-line, contou com a parceria do Núcleo de Pesquisa, Extensão e Práticas Jornalísticas da Universidade Federal do Tocantins (Nujor/UFT), articulada pela sua coordenadora e atual vice-presidente Abej, Marluce Zacariotti. Durante os três dias de evento, mesas de discussões com palestrantes nacionais e internacionais movimentaram o canal da Associação. Confira:
Parceria duradoura e necessária: há 16 anos encontro com Fenaj integra a programação
Por Vanessa Costa
O 16º Pré-Fórum Fenaj, como já é tradicional, antecede a abertura oficial dos Encontros Nacionais da Associação Nacional de Ensino de Jornalismo (ABEJ). Nesta edição, que ocorreu na tarde do dia 9 de agosto, a temática escolhida foi o “Futuro da profissão: taxação das grandes plataformas digitais e criação do Fundo de Apoio e Fomento ao Jornalismo”. A mesa contou com a participação do representante da Sociedade Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo (SBPjor), Marcos Paulo da Silva; com o prof. Marcelo Bronosky (UEPG) e com a presidenta da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), a Jornalista Maria José Braga, tendo mediação da profa. Marluce Zacariotti (UFT/ABEJ).
Na sua fala inicial, Maria José destacou a crise que o jornalismo vem enfrentando, agudizada pela pandemia do coronavírus. Pontuou sobre o contexto de ataques à democracia, de violência contra jornalistas e explicou a proposta do fundo público para financiamento do jornalismo.
Marcos Paulo e Bronosky pontuaram sobre a importância da iniciativa, mas lembraram que é preciso pensar em questões como inclusão na proposta de recurso para pesquisa e os cuidados com o modo de seleção de quem será beneficiado, tendo como principal preocupação não abrir brechas para financiamento de jornalistas ou empresas que não primam pela qualidade e princípios éticos do jornalismo.
Cerimônia de abertura dá o tom da temática do evento: entre incertezas, é preciso resitir
Por Vanessa Costa
O 20º Encontro da Associação Brasileira de Ensino de Jornalismo (Abej), com o tema “Entre incertezas e ações coletivas”, realizado online nesta edição 2021, abriu sua programação na noite do dia 09/08 com a atividade cultural: ResistArte, tendo com o tema: incertezas e Desafios, a Arte Faz-se. Diorlei Santos, Lis Kamala, Pretha Almeida e Tariana Zacariotti trouxeram um combo artístico, com música, interpretação e apresentação bambolística.
Na sequência foi apresentado o 2º Prêmio ABEJ - Personalidade de Destaque no Ensino de Jornalismo, que, desta vez homenageou o Prof. Dr. Eduardo Meditsch. Meditsch dedicou o prêmio àqueles que resistem, resistiram e vão resistir!
Conferência de abertura
Com o tema “Discurso de ódio: quem ataca quem, através de que canal, e com que efeito?” a Profª. Drª. Liriam Sponholz (German Center for Integration and Migration Research/ DeZIM) falou sobre o conceito do discurso de ódio, que usa linguagem ofensiva ou abusiva; sobre como identificá-lo e como o discurso de ódio é pautado. E apresentou dados importantes, que mostram a presença marcante do discurso de ódio na mídia e redes sociais brasileiras, tendo políticos como grandes expoentes desses discursos.
Segundo dia de evento traz pesquisa alarmante sobre liberdade de expressão dos professores de jornalismo
Por Hayanna Rodrigues
A programação do dia 10 teve início com a conferência sobre o tema "Liberdade de expressão dos professores: impactos da erosão democrática no ensino de Jornalismo no Brasil", apresentada pela Profa. Dra. Ivana Ebel (Universidade de Derby) e mediada pela Profa. Dra. Maria Elisabete Antonioli (ESPM/SP). Ebel apresentou os resultados de sua pesquisa sobre a liberdade de expressão dos professores e destacou alguns problemas que atualmente têm colocado em risco a liberdade de imprensa no Brasil, como a descredibilização da imprensa, precariedade e insegurança no trabalho, falta de proteção jurídica e social.
A pesquisadora salientou a importância de existir diversidade no corpo docente das universidades, principalmente no sentido de gerar uma identificação para os estudantes e trazer uma visão que não perpasse somente pelo filtro da branquitude. A pesquisa apresentada revelou também problemas enfrentados pelos professores de instituições de ensino públicas e privadas, como assédio, acusação de doutrinação e censura. Ela afirma que os problemas de vigilância e cerceamento da liberdade são ainda maiores nas instituições particulares. "Existe uma discrepância bastante grande, principalmente por conta da estabilidade. Os professores da Instituição pública têm mais liberdade, mas, apesar disso, a autocensura acontece nas duas, entre professores da escola pública e privada da mesma forma", destaca a pesquisadora.
Mesa sobre jornalismo científico fecha a programação do segundo dia
Por Hayanna Rodrigues
O debate "Vozes do Jornalismo Científico" trouxe apontamentos importantes sobre a comunicação científica. A mesa teve participação do Prof. Dr. Leão Serva (TV Cultura e ESPM), da Profa. Dra. Débora Cristina Lopez (UFOP/UFPR) e do Prof. Dr. Allan Rodrigues (UFAM), com mediação da Profa. Dra. Simone Pallone Figueiredo (Labjor/Unicamp).
Dentre os assuntos debatidos, o Prof. Dr. Allan Rodrigues destacou a cobertura do Jornalismo Científico sobre as questões ambientais, que envolvem a Amazônia e as mudanças climáticas. O pesquisador ressaltou a importância da pluralidade de vozes e de ouvir também as pessoas afetadas por esses problemas.
Em sua apresentação sobre a divulgação científica em podcasts, a Profa. Dra. Débora Cristina Lopez apontou o crescimento de podcasts de Jornalismo Científico durante a pandemia do Covid-19. Destacou o uso de elementos que visam, principalmente, a contextualização sobre o tema abordado e a produção de um conteúdo que eduque, para que as pessoas possam entender e conhecer o seu papel.
Por último, tivemos a fala do Prof. Dr. Leão Serva, que faz uma crítica sobre a cobertura da imprensa ser pontual, episódica e urgente. Ele apresentou o que considera os dois pecados originais do Jornalismo: o primeiro é a falta de visão da história na produção jornalística voltada para as questões da Amazônia, por exemplo. “Volta-se para a notícia e esquece a origem dos fatos”, diz. O segundo seria a vocação do Jornalismo para a neutralidade e a pluralidade de opiniões. Ao fazer um comparativo com o fazer jornalístico de décadas atrás, o pesquisador aponta que, apesar da imposição que existe no jornalismo de ouvir e contrapor os fatos, há certos fatos e opiniões que o jornalismo precisa considerar inaceitáveis. Nesse sentido, é preciso compreender que vozes podem ser consideradas. Ou seja, se é algo contrário à ciência, aos direitos humanos, à ética, não deve ter lugar no jornalismo.
Terceiro dia é marcado por palestrantes que atuam em Portugal e Estados Unidos
O último dia do evento trouxe outras duas participações internacionais: Carla Baptista, professora da Universidade Nova de Lisboa (UNL), e Rosental Alves, jornalista brasileiro que atua no Kight Center of Journalism in the Americas School of Journalism da Universidade do Texas.
Pela manhã, na mesa O ensino de Jornalismo entre a história e a memória, a professora Marialva Barbosa (ECo/UFRJ) se juntou à Carla Baptista (UNL) para traçarem um panorama histórico do ensino do jornalismo, das práticas jornalísticas e da importância da memória para novos caminhos no jornalismo dentro de uma sociedade democrática.
Já durante a noite, o professor Rosental Alves teve a companhia de Dennis de Oliveira (ECA/USP) e Juliano Carvalho (Unesp) para abordar o tema Ensino, jornalismo e democracia: os impactos das fake news e a distribição de conteúdo digital.
Alves, que se diz picado pelo vírus digital desde do início da década de 90 quando começou a estudar sobre esse novo ecossitema, falou sobre como essa Era impacta no jornalismo e na democracia, a partir do empoderamento individual de algumas capacidades que antes eram monopólio dos meio de comunicação de massa, como a capacidade de distribuir conteúdo e de ter audiência.
A conversa, que marcou o encerramento do evento, contou ainda com Alves afirmando que, apesar disso, é preciso considerar que esse novo cenário permite que haja o trabalho de novos veículos, plurais, com bons profissionais, e que trazem a diversidade para os meios de comunicação.
Assista aos vídeos das transmissões no Canal da Abej, clicando aqui.
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