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reflexão

Dia do Orgulho LGBT+: o dia extraordinário de cinco pessoas

Por Daniel dos Santos | Revisão: Paulo Aires | Publicado: Quinta, 25 de Março de 2021, 00h37 | Última atualização em Sexta, 26 de Março de 2021, 11h22

No dia 25 de março é comemorado o Dia Nacional do Orgulho LGBT+. Vamos saber como será o dia de alguns dos nossos na UFT?

Pela manhã, a professora Maria Aparecida preparou café para a mãe dela. Assim como a professora Rubra, que também tomou café com sua mãe octagenária. A estudante Ítila tomou banho e preferiu tomar café enquanto assiste à aula. O mestrando em Biotecnologia, Eder, acordou tarde, mas bebeu um copão de água e foi ler um pouco antes de cuidar das plantas.

Quem acordou cedo mesmo foi o professor Leon, depois de uma noite muito mal dormida, em decorrência da apreensão com seu pai (que aguardava uma vaga disponível em alguma UTI, por causa da Covid-19). Sozinho, ele ainda oferece suporte em casa à mãe, também infectada, mas que está com sinais clínicos estáveis e sintomas considerados leves.

Os pais de Ítila já tiveram Covid-19 e estão em recuperação. A mãe de Rubra está surpresa com tantos óbitos. No rádio toca músicas "raíz" enquanto os gatos se deitam sobre seus pés. Eder dividiu sua manhã entre ver um capítulo de série e fazer parte de algum trabalho.

Maria Aparecida participou de uma live com homens e mulheres de Cuiabá para a criação do núcleo da Rede de Negras e Negros LGBT em Mato Grosso. Leon tem que dar aula online, das 09h às 11h30. Entre um gole de café e outro, o olhar perdido no horizonte, imerso no silêncio da casa.

Depois da meditação, Rubra verifica os e-mails e saúda os novos matriculados nas disciplinas que ministra, antes de revisar as dissertações do mestrado. Ítila ajuda nos afazeres de casa e acompanha seu pai ao médico.

Por volta do meio-dia, Eder começa a “bater panela” pra fazer o almoço. Depois toma um banho frio pra acordar e arrebatar o calor que sempre é demais por aqui. Antes de almoçar com mãe e sobrinho, Rubra faz ligações e troca mensagens com entes queridos que recheiam o dia com afetos. Pela tarde tem reunião do colegiado.

No final da tarde, Ítila anda de bicicleta pra dar uma espairecida, enquanto Rubra coloca a máscara e vai caminhar no parque perto de casa. Quando volta, ela faz lanche leve que substitui o jantar. Olha que engraçado! Eder também foi caminhar e também preferiu lanche.

Leon é recuperado à vida, por um profundo sentimento de revolta, quase raiva, com tudo o que se transformou o país desde 2016 (e, mais ainda, depois de 2018). Leon se levanta, como sempre se levantou. Nos seus 44 anos, ele sabe que, se não se erguer, o mundo não fará isso por ele.

Depois de um dia de live, Maria Aparecida sente que a Rede vai fortalecer o respeito às pessoas, acolher, apoiar o respeito à diversidade, porque o amor move o mundo. Ela acredita que, com mais visibilidade e ações de inclusão, podemos conscientizar o combate à LGBTfobia. Ela fica aliviada de que suas três netas encontrarão um mundo melhor por causa dela.

Rubra vai jogar Tarot, antes de voltar às leituras acadêmicas obrigatórias e não-obrigatórias, assim como Ítila, que vai ficar até meia-noite nos afazeres da faculdade.

A noite é mais longa para Eder porque ele vai refletir sobre a vida, propósitos e os pensamentos em coisas que não aconteceram e nunca vão acontecer. Ele faz isso ouvindo uma música animada e arrumando a bagunça do quarto. Pra matar as saudades, vai ligar para os pais que moram longe e deitar pra dormir. Mas ele sempre demora pra dormir.

Leon sente que, novamente, a guerra (ou, a sociedade que o discrimina) estará diante dele. E ele a enfrentará, como sempre fez. O sol, ao iniciar seu ciclo, trará consigo um novo dia, mas nunca se sabe que tipo de dia será.

Agradecimentos àqueles que dividiram seu dia com a gente:

Eder Alves Pereira e Silva é mestrando em Biotecnologia, no Câmpus de Gurupi.

Ítila Cristina Ferreira da Silva estuda Psicologia, no Câmpus de Miracema.

Leon De Paula é professor de Educação do Campo, no Câmpus de Tocantinópolis.

Maria Aparecida de Matos é professora de Pedagogia, no Câmpus de Arraias.

Rubra Pereira de Araujo, é professora no curso de graduação e mestrado em Letras, no Câmpus de Porto Nacional.

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