Estudantes das turmas de Biologia e Matemática do sistema UAB/UFT colam grau em São Félix do Tocantins

Na noite da última sexta-feira, 14 de abril, foi realizada, em São Félix do Tocantins, município localizado a cerca de 260km de Palmas,  a cerimônia de Colação de Grau das primeiras turmas dos cursos  de Biologia e Matemática, da modalidade de ensino a distância, ofertados pela UFT, através do sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB). Na ocasião, 17 estudantes, sendo 6 do curso de Matemática e 11 do curso de Biologia, receberam a outorga de grau em uma cerimônia emocionante. Foi a primeira vez que a UFT realizou uma solenidade de outorga de grau fora de um de seus câmpus.

Para que esse momento fosse possível, uma comitiva da Universidade formada pelo reitor, Luis Eduardo Bovolato; os pró-reitores Raphael Sanzio Pimenta, de Pesquisa e Pós-Graduação e Kherlley Barbosa, de Assistência Estudantil; juntamente com a equipe do gabinete da Reitoria, cerimonial e audiovisual, foram ao município para a realização da solenidade. A cerimônia contou também com a participação da coordenadora Geral da UAB/UFT, Suzana Gilioli; e do coordenador geral de Polos e Tecnologias Educacionais da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Alexandre Póvoa. Autoridades locais como o prefeito da cidade, Carlos Irael Ribeiro; a primeira dama, Ivete Pereira; e o vice-prefeito, Gercimar da Silva Xavier, também marcaram presença na cerimônia.   

A logística pensada  para que os estudantes, em sua maioria de comunidades tradicionais da região do Jalapão, pudessem partilhar desse momento especial com seus familiares e com a comunidade em geral, tendo em vista as dificuldades de deslocamento vivenciadas pela população da região. A organização da cerimônia na localidade foi facilitada pelo professor Adriano Castorino, que faz parte da equipe multidisciplinar da Universidade Aberta do Brasil na UFT, escolhido pelos alunos das duas turmas como paraninfo, pela proximidade e importância de seu trabalho para a formação dos mesmos. 

Discursos e emoção  durante a formatura

A cerimônia foi marcada por momentos de muita emoção, como a fala de Jaqueline Ribeiro Messias, escolhida como oradora da turma de Biologia. Em seu discurso emocionado, a agora bióloga,  ressaltou a importância  e o impacto do curso  para a vida de toda a comunidade de São Félix e pontuou que as dificuldades encontradas durante os quatro anos de curso, como o deslocamento complicado até o polo da UAB e os contratempos relacionados ao acesso à internet na comunidade, fez com que muitas vezes ela própria e os colegas pensarem em desistir, mas a união da turma foi fundamental para que conseguissem concluir o curso juntos. “É um momento muito esperado, porque a gente lutou muito, batalhamos muito, insistimos, mesmo com todas as dificuldades. Então, esse momento é a concretização de um sonho, porque quando olhamos para início, a gente não via nenhuma perspectiva e um ajudava o outro e, quando um pensava em desistir, o outro estendia a mão, mesmo com as forças já acabando também, porque a gente acreditava que ia conseguir”, frisou a estudante.

Jaqueline também ressaltou em seu discurso o empenho de toda a equipe da UFT para que a turma de Biologia pudesse realizar as atividades práticas. Destacou também, de forma especial, o trabalho do professor Adriano Castorino que orientou e deu suporte aos alunos durante todo o período do curso: “A nossa turma é uma turma que tem alunos de todas as idades e são pessoas com uma certa experiência de vida. Então, durante esse percurso muitas de nós tiveram filhos, teve a pandemia; e tudo a gente pensa que será um impedimento. E quanto à UFT, foi o suporte necessário que nós precisávamos, porque mesmo com muita dificuldade aqui na região do Jalapão, com a questão de internet e equipamentos, a gente tinha o suporte dos professores, que nos deram atenção. O professor Castorino nem se explica,  a gente costuma falar que ele é um anjo nas nossas vidas. Através da UFT a gente também conheceu a Bahia, nós que mal tínhamos saído daqui, e foi maravilhoso”.  

As palavras de Flávia Oliveira Sousa, escolhida pela turma de Matemática para proferir o discurso de formatura, também emocionaram os presentes na cerimônia: “Primeiramente gostaria de agradecer a Deus pelo privilégio  de vivenciar esse momento único com a presença de pessoas tão especiais que contribuíram com nossa trajetória acadêmica. Essa cerimônia representa a realização de um sonho, não só meu, mas de cada um que está aqui, em especial nossos familiares que nos apoiaram nos momentos mais difíceis, para não desistir;  os meus pais, que são a minha inspiração e motivação para lutar pelos meus objetivos”. Flávia também destacou a importância da UFT durante a graduação e o ato de realizar a cerimônia em São Félix: “Não tenho palavras para agradecer a Universidade Federal do Tocantins, por proporcionar este momento sublime e único nas nossas vidas, pois representa a transição de uma fase muito importante da vida acadêmica. Compartilhar essa conquista com pessoas importantes é gratificante, pois é um momento que não voltará”. 

Para além dos discursos das oradoras das duas turmas, fora do púlpito, outras falas também emocionaram, como a de Jarla de Abreu Ribeiro, que se formou em  Biologia e se emocionou ao falar sobre o encerramento desse ciclo: “ É uma grande alegria estar realizando esse sonho. Foram quatro anos de muita luta, muitas lágrimas, muitos risos e muitas dificuldades, mas enfim a gente venceu. A gente não consegue as coisas com facilidade, temos dificuldades , mas com fé e coragem a gente vence. E hoje a palavra que eu uso é gratidão, em primeiro lugar a Deus e em segundo à UFT por proporcionar um momento tão especial como esse. É uma alegria muito grande que a gente chega a se emocionar porque quantas pessoas têm o sonho de concluir uma faculdade e não têm condições e a gente hoje está conseguindo isso”.

Marijani Ribeiro da Silva, primeira pessoa da comunidade quilombola do Mumbuca a concluir um curso de nível superior também destacou a importância da Universidade se aproximar das comunidades tradicionais do estado e ressaltou que o comprometimento dos gestores em realizar a cerimônia em uma cidade mais próxima da comunidade foi imprescindível para fortalecer o sonho de outros estudantes: “Enfrentamos muitas dificuldades principalmente em questão do deslocamento e de acesso à internet, eu mesma tinha que percorrer 79 km da comunidade até São Félix para fazer as provas. Então, eu estou muito feliz em ver meus familiares aqui na minha formatura, porque a gente da comunidade, do quilombo, não tinha a oportunidade de chegar até a faculdade e, hoje, graças à Deus as portas já estão se abrindo. Ter a UFT/EAD está sendo uma benção para nós”.

O sentimento dos gestores 

O professor Luis Eduardo Bovolato, reitor da UFT, destacou em seu discurso durante a solenidade de formatura que, conhecer a realidade dos estudantes foi muito importante pois, ajuda a gestão da Universidade a saber exatamente onde agir para levar uma educação de qualidade aos lugares mais distantes. O professor, que se emocionou com os discursos das oradores das turmas, reforçou a importância da educação superior para a transformação de realidades: “Na verdade, a emoção foi motivada pelo sentido de nossa presença e do momento que uma colação de grau representa. A presença de 17 estudantes se formando em um curso à distância, pelas condições de vida e por todos os desafios enfrentados por eles para que pudessem vencer todas as barreiras de seu cotidiano e terem conseguido chegar ao final, representa uma grande conquista para todos. Para a UFT, a satisfação de atender um público em uma modalidade que permitiu, com todas as dificuldades, a presença destes estudantes e a possibilidade de transformação de suas vidas e do lugar. É a Universidade cumprindo sua missão social”. 

Para o professor Adriano Castorino, que atua diretamente com os alunos das comunidades da região do Jalapão, a formatura das duas turmas no seu lugar de origem fechou com chave de ouro um trabalho que começou a ser desenvolvido a sete anos atrás: “Para esses alunos especificamente a formatura tem um sentido muito importante porque, a maior parte destes formandos e principalmente das mulheres, são as primeiras da família  a ingressar numa universidade, e algumas já são senhoras com mais de 50 anos. Então, só para se ter uma dimensão de como é isso, elas não teriam outra chance e não teriam condições de fazer isso fora daqui. São mulheres pretas, quilombolas, mães solo, isso é muito importante porque é como se a gente saísse um pouquinho dos câmpus e enxergasse a vida para além do câmpus; e se a gente não saísse do câmpus, essas pessoas aqui não seriam alcançadas”. 

A professora Suzana, que coordena a UAB na UFT falou da emoção de participar de um momento tão significativo: “Para nós da Universidade Aberta do Brasil foi uma honra participar da cerimônia porque foi um fechamento de  ciclo, sendo a primeira vez que a gente tem uma formatura da UFT fora do Câmpus, indo até o polo e trazendo toda equipe de gestão, então foi muito importante. E mais ainda, porque nós reforçamos e relembramos o papel social social da Universidade, que é transformar a vida das pessoas e da sociedade e missão da Universidade Aberta do Brasil e é justamente essa de profissionalizar os professores do estado e interiorizar o máximo que a gente puder, a educação superior. Então foi um sonho e reconhecimento da UAB muito importante”. 

Alexandre Póvoa, representante da Capes, pontuou que, acompanhar uma formatura em circunstâncias tão diferente das que costuma presenciar, é muito importante para pensar a gestão de uma forma mais humanizada: “Ver os relatos dos estudantes na formatura, eles demonstrando as dificuldades que enfrentam valoriza ainda mais a formatura deles e a entrega do diploma, e eu acho que a minha vinda aqui, pessoalmente é muito importante porque eu lido com os polos do sistema UAB como um todo e essa gestão dos polos precisa ser, sempre que possível o mais humanizada possível. E esses momentos são cruciais para que eu consiga ter a sensibilidade para diferenciar situações que precisam ter um olhar um pouco mais delicado. Acho que me enriquece muito e com certeza eu vou levar esse enriquecimento para a Capes e transmitir para toda equipe, então foi muito importante essa participação na colação de grau e ouvir o que os formandos tinham a dizer” .

Ao final da cerimônia, o professor Bovolato também recebeu das mãos dos formandos cartas de agradecimento pelo empenho do mesmo em se colocar a favor e se disponibilizar para realização da formatura em São Félix. Os gestores presentes receberam também o convite dos para participar do jantar dos formandos.  

Formandos da Turma de Biologia

Albertina Ribeiro

Beatriz Pereira dos Santos

Jaqueline Ribeiro Messias

Jarla Abreu Ribeiro José Batista de Sousa

Leandra Conceição Silva

Luiz Carlos Ribeiro Nunes

Marijani Ribeiro da Silva

Maria Alves Pereira

Maria Pereira Rodrigues

Rita de Cássia Silva Carneiro

Viviane Louzeiro Ribeiro

Formandas da Turma de Matemática

Cláudia Sousa Oliveira

Deuseni Cunha Ribeiro

Flávia Sousa Oliveira

Lourivânia Cunha Ribeiro

Maria Graciene Rodrigues da Silva

Raimunda Vieira de Sousa