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Expedição Canguçu-Caseara navegou cerca de 120 km pelo Rio Araguaia

Escrito por Gihane Scaravonatti | Publicado: Viernes, 02 Septiembre 2022 19:25 | Última actualización: Martes, 02 Mayo 2023 15:38

Expedição navegou o Araguaia, na faixa de transição entre os dois maiores biomas brasileiros o Cerrado e a Amazônia..png (Imagem: Gihane Scaravonatti)

Expedição navegou o Araguaia, na faixa de transição entre os dois maiores biomas brasileiros o Cerrado e a Amazônia..png (Imagem: Gihane Scaravonatti)Expedição navegou o Araguaia, na faixa de transição entre os dois maiores biomas brasileiros: o Cerrado e a Amazônia..png (Imagem: Gihane Scaravonatti))

Entre os dias 8 e 13 de agosto, uma equipe da Universidade Federal do Tocantins (UFT), câmpus de Palmas, percorreu cerca de 120 km pelo rio Araguaia e seu “braço menor”, o afluente Javaés. A Expedição UFT Canguçu-Caseara/Javaés-Araguaia 2022 reuniu 11 pessoas: dois pesquisadores científicos, quatro membros da equipe jornalística e audiovisual, dois servidores, um aluno do câmpus, além de um turista e um guia local.

Deslocando-se por meio de uma canoa, quatro caiaques e dois barcos a motor conhecidos como “voadeira”, o grupo navegou na faixa de transição entre os dois maiores biomas brasileiros, o Cerrado e a Amazônia. Nisso, margearam a Ilha do Bananal – a maior ilha fluvial do mundo, onde se encontra o Parque Nacional do Araguaia - e o Parque Estadual do Cantão.

O intuito da expedição – que se deu em cinco dias de deslocamento e acampamento, para pernoites, às margens dos rios - foi mapear e documentar peculiaridades e potencialidades da área, observando-se cinco pontos principais: 1) paisagem e relevância regional/nacional/internacional; 2) contexto social; 3) segmentos de turismo; 4) biodiversidade (fauna e flora); e 5) projetos do Centro de Pesquisa Canguçu - UFT na região (em andamento e novas possibilidades).

Raphael Sanzio Pimenta, pró-reitor de Pesquisa e Inovação da UFT.jpeg (Foto: Gihane Scaravonatti)O pró-reitor de Pesquisa e Inovação da UFT, Prof. Dr. Raphael Sanzio Pimenta, avaliou esta primeira expedição realizada pela UFT – de caráter piloto - como bem sucedida.

“Tivemos experiências e aprendizados bastante positivos durante esse período e acredito que a próxima expedição, que deve ocorrer em julho de 2023, será ainda melhor. Queremos aumentar a equipe, as ações de pesquisa e documentação e interagirmos, ainda mais, com as populações indígenas e ribeirinhas”, frisou Raphael.

Araguaia é habitat de ecossistemas únicos

O grupo percorreu o entorno de Unidades de Conservação de Proteção Integral, como o Parque Estadual do Cantão, que possui ecossistemas únicos e espécies endêmicas e ameaçadas, e o Parque Nacional do Araguaia. Assim, passou pela maior e mais importante área úmida do Cerrado, que tem status de “Sítio Ramsar” – título conferido a uma zona listada pela Convenção sobre as Zonas Úmidas de Importância Internacional.

Renato Torres é o coordenador do Canguçu.jpeg“Na divisa entre Tocantins e Pará, temos dois ambientes bem diferentes: do lado paraense, o ambiente é tipicamente amazônico; do tocantinense, é de transição, entre Cerrado e Amazônia”, explica o Prof. Dr. Renato Torres, pesquisador integrante da expedição e coordenador do Centro de Pesquisa do Canguçu.

“Entre esses ambientes, há o rio Araguaia, que funciona, para algumas espécies, como uma barreira geográfica - um acidente natural que ‘impede’ a passagem, de um animal, de um lugar ao outro. Mas, interessante é que a barreira também se aplica a algumas espécies de pássaros. O ‘chora-chuva’ é um exemplo: o chora-chuva-branco só é encontrado do lado do Pará, e o preto, do Tocantins. As estruturas das matas de cada um dos lados são diferentes”, esclarece Renato.                                                     

O estudante de Engenharia Elétrica da UFT, Paulo Macedo, completou todo o percurso a bordo de um caiaque, em total sintonia com a natureza.jpeg (Foto: Gihane Scaravonatti)O estudante de Engenharia Elétrica da UFT, Paulo Macedo, completou todo o percurso a bordo de um caiaque, em total sintonia com a natureza.jpeg (Foto: Gihane Scaravonatti)O estudante de Engenharia Elétrica do câmpus de Palmas, Paulo Macedo, participou da experiência a bordo de um caiaque, com o qual completou todo o percurso de navegação. No caminho, contou ele, se maravilhou especialmente com os botos, que acompanhavam, em alguns trechos, as embarcações.
 
“Foi uma oportunidade incrível! Tivemos muito contato com a natureza, com a fauna e flora dos ambientes pelos quais passamos. E remar ao lado do professor Renato foi uma verdadeira aula: ele nos mostrou e explicou sobre espécies de pássaros, mamíferos, peixes, árvores e outras particularidades do Araguaia e das matas do Cerrado e da Amazônia”, destacou Paulo.

Região abriga riquezas e contrastes sociais e culturais

Ao longo do Javaés/Araguaia, residem ribeirinhos localmente chamados de “torrãozeiros”, que são pessoas que habitam porções de terra firme às margens, denominadas “matas de torrão”. Essas pequenas propriedades estão inseridas no Cantão, onde os limites da área ambiental protegida se encontram com a agricultura de subsistência. No entorno, também há o agronegócio, cuja expansão e impactos sobre a biodiversidade vêm sendo estudados por pesquisadores da UFT.

Ainda que a expedição piloto não tenha visitado as comunidades indígenas tocantinenses da Ilha do Bananal - os Karajás, os Javaés, os Tapirapés, os Tuxás e os Avá-Canoeiros -, não foi difícil para o grupo avistar, no decorrer da viagem, indígenas no curso do rio, pescando peixes e tartarugas.

Eduardo Karajá e Renan Karajá pescam no Araguaia.jpegEduardo Karajá e Renan Karajá vieram de longe: a aldeia Macaúba, na divisa com o Pará. Há dias percorrendo o rio, costumam vir pescar, nos arredores da Ilha do Bananal, animais aquáticos que já não encontram em abundância nas proximidades de sua aldeia. Mesmo perto da Ilha, em área ambiental protegida, os pescados vão se tornando, a cada dia, mais raros – consequências da degradação ambiental, caça e pesca predatórias e falta de fiscalização regular.

“Comecei a pescar aqui quando tinha 18 anos, e este rio era cheio de tartaruga. Agora, nesses tempos, é difícil pra pegar”, conta Eduardo, de 52 anos. “Mas, lá na nossa região mesmo, é que quase não tem mais, porque o pessoal do Pará pega é de rede”, explica ele.

Turismo é importante gerador de renda para ribeirinhos

Há três segmentos principais de turismo na localidade: a pesca esportiva, a observação de aves (birdwatching) e, o de maior procura, a temporada de praias, com auge de visitantes entre julho e agosto. Durante a temporada, as várias praias que se formam pelas secas do Javaés/Araguaia recebem milhares de turistas, vindos do Tocantins e Pará, mas, também, de outros estados.

Algumas dessas praias são licenciadas; outras, porém, são ocupadas desordenadamente. Contudo, todas recebem, em alguma proporção, impactos ambientais, resíduos - sólidos e orgânicos - ruídos, desmatamento, caça e pesca predatória de peixes, aves, jacarés, tartarugas, conforme observam pesquisadores do Canguçu-UFT.

Em contrapartida, este é, também, um período econômico significativo para as comunidades ribeirinhas, uma vez que o turismo lhes gera renda extra, quantia que, para alguns, até mesmo assegura a permanência das famílias no local.

Eunize Vieira e Raimundo são habitantes ribeirinhos do Araguaia, desde a década de 1970.jpeg (Foto: Gihane Scaravonatti)Eunize Vieira e Raimundo são habitantes ribeirinhos do Araguaia, desde a década de 1970.jpeg (Foto: Gihane Scaravonatti)Vivendo à beira do Araguaia desde a década de 1970, o casal Eurize Vieira e Raimundo Canuto está entre os ribeirinhos pioneiros da região. Depois de aposentados, eles passaram a receber alguns turistas em casa, cujo quintal dispõe de área para camping, cercado por árvores, flores, ervas medicinais, bastante sossego e com vista para o rio. Os interessados vêm, sobretudo, pela pesca esportiva:

“É no esquema do ‘pega e solta’, né? Já recebemos doutor, juiz... Já vieram uns [estrangeiros] que falam enrolado, que eu não entendo nada...”, conta, sorrindo, Eurize. “Mas, são ainda poucos os turistas, por enquanto, que vêm. A gente recebe, cobra as diárias, que é pra conseguir se manter aqui”, destaca ela.

"Tem, também, o peixe de comer, que esse é sagrado"

“Essa pescaria não faz mal pra ninguém, né? Você ‘enterte’ o tempo... Não precisa pegar só pra matar, não: tem, também, que pegar e soltar!”, explica Raimundo. “Claro, tem, também, o peixe de comer, que esse é sagrado, porque todo mundo precisa comer, não é mesmo?”, diz.

Expedição é documentada pela equipe jornalística e de audiovisual da UFT

Rafael Silva Motta integra a equipe de Audiovisual da UFT FM.jpeg (Foto: Gihane Scaravonatti)Rafael Silva Motta integra a equipe de Audiovisual da UFT FM.jpeg (Foto: Gihane Scaravonatti)A Expedição UFT Canguçu-Caseara/Javaés-Araguaia 2022 foi acompanhada por integrantes do audiovisual da Rádio UFT FM e do jornalismo da Superintendência de Comunicação (Sucom). A equipe registrou toda a viagem e entrevistou os participantes do grupo e comunidade local. O trabalho técnico deverá resultar num documentário sobre a expedição, a ser lançado nos meios digitais de divulgação da UFT.

Apoio

Além dos recursos institucionais - logísticos e financeiros - e capital humano, que possibilitaram a realização desta ação da UFT, a  Expedição Canguçu/Caseara contou, ainda, com o patrocínio da Fundação de Apoio Científico e Tecnológico do Tocantins (FAPTO), da loja de ferragens FERPAM, do Hotel 10, do Instituto Amazônia de Tecnologias Sustentáveis (IAMTEC), da ImagemMidia Comunicação Visual e da Lucas Auto Peças (Goiás).

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