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Pesquisa valida método mais barato e acessível para detecção do SARS-CoV-2

Escrito por Virgínia Magrin | Revisão: Paulo Aires | Publicado: Jueves, 30 Septiembre 2021 09:14 | Última actualización: Viernes, 01 Octubre 2021 11:27

A pandemia da Covid-19 trouxe vários desafios e com eles a busca por respostas, estimulando a inovação tecnológica frente aos problemas que iam surgindo. Um deles é o método de detecção do SARS-CoV-2, agente causador da Covid-19, que com o avanço da pandemia houve aumento na procura pelos equipamentos e insumos laboratoriais, tornando-os caros e de difícil acesso. Pensando nisso, pesquisadores de várias universidades do país se juntaram com o objetivo de validar um método para a detecção do vírus que tivesse um custo mais baixo e com equipamentos mais acessíveis, e eles conseguiram!

Fabrício Souza Campos, professor da Universidade Federal do Tocantins (UFT) no Câmpus de Gurupi e um dos participantes da pesquisa, esclarece que uma das características do método pesquisado é que ele tivesse baixo custo e fosse uma alternativa analítica para os laboratórios de testagem com poucos recursos. “Após a realização do estudo, concluímos que o método foi um sucesso, visto que houve uma economia de 70% em relação ao método convencional, a RT-PCR em tempo real, com uma sensibilidade de mais de 90% e uma especificidade de 100%”, comemora.

Entendendo a pesquisa

Campos explica que a PCR em tempo real (do inglês: real-time polymerase chain reaction), também conhecido como PCR quantitativo (qPCR) é uma técnica de laboratório baseada no princípio da reação em cadeia da polimerase (PCR). O procedimento monitora os níveis de ácidos nucleicos do Sars-cov-2 durante a amplificação, sendo que o equipamento está acoplado a um computador para o acompanhamento do resultado. A metodologia permite que os processos de amplificação, detecção e quantificação do código genético viral sejam realizados em uma única etapa, agilizando a obtenção de resultados em torno de 2 horas, diminuindo o risco de contaminação da amostra e dando maior precisão.

Já no método de PCR convencional essa quantificação ocorre somente após o final da amplificação. “Você precisa fazer as etapas de maneira separada. Primeiro você amplifica e depois analisa o resultado através de uma eletroforese em gel de agarose para detectar a presença do ácido nucleico viral numa amostra clínica. Embora o método aparenta ser mais trabalhoso, ele é muito mais barato e o resultado sai em torno de 3 horas”, afirma o pesquisador.

Outra diferença considerada na pesquisa foi o custo dos equipamentos. Para se ter uma ideia, um equipamento de qPCR custa em torno de R$ 250.000,00, enquanto que um equipamento de PCR convencional custa cerca de R$ 25.000,00. Além disso, esse último aparelho está disponível em mais laboratórios em função do custo do equipamento e dos reagentes, tornando a detecção mais barata e acessível.

Campos destaca ainda, que a qPCR foi selecionada pela Organização Mundial da Saúde como o teste padrão ouro, o que ocasionou a alta nos reagentes e a falta no mercado, daí a necessidade urgente de desenvolver um teste mais barato: “O cenário gerou dificuldades para os laboratórios adquirirem reagentes para o teste feito durante a fase aguda da COVID-19, a de maior importância para o controle da doença. Essa dificuldade de acesso ao exame foi um dos fatores que levaram a subnotificação dos casos. O Estado do Tocantins tinha apenas um equipamento de real-time PCR que poderia fazer o exame. Pela demanda do município de Araguaína, a UFNT foi acionada e começamos a pensar em alternativas para a detecção do vírus com os equipamentos existente na Universidade, o que levou ao desenvolvimento de um método de baixo custo e a sua validação nesse estudo recentemente publicado”.

O estudo constatou que através de um equipamento de PCR convencional, o teste pode ser utilizado no diagnóstico da COVID-19 como uma alternativa de baixo custo em todo o mundo.

Trabalho em conjunto

Para chegar nessa constatação foi necessário um trabalho em conjunto. Pesquisadores de diferentes laboratórios se uniram para a idealização do projeto e o desenvolvimento do mesmo. O trabalho começou com  José Carlos Ribeiro Júnior, professor adjunto da Universidade Federal do Norte do Tocantins (UFNT), quando a pandemia chegou ao Brasil, pois ele sabia que poucos laboratórios seriam capazes de comprar todos os equipamentos e reagentes necessários para testagem conforme os protocolos da OMS.

Ao pensar em uma saída necessária, o professor da UFT, Fabrício Souza Campos, atuou como consultor técnico e auxiliou no desenvolvimento e planejamento do método de diagnóstico, assim como a professora Juliane Ribeiro, da Universidade Estadual de Londrina (UEL), com experiência na pesquisa com vírus da Família Coronaviridae.

Além disso, para o início do teste clínico de validação, foram incluídos os discentes de mestrado em Sanidade Animal e Saúde Pública (UFNT) Isac Gabriel Cunha dos Santos e Rogério Fernandes Carvalho; a Monike da Silva Oliveira estudante de doutorado em Medicina Tropical e Saúde Pública (UFG); e os professores adjuntos da UFNT Katyane de Sousa Almeida, Ana Carolina Müller Conti e Bruna Alexandrino; assim como a professora adjunta da Universidade Federal de Goiás (UFG), Célia Maria de Almeida Soares.

Outro fator determinante para o desenvolvimento da pesquisa foi o apoio financeiro vindo do Edital Universal de Pesquisas da Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação da UFT, da Prefeitura Municipal de Araguaína e do Ministério da Educação.

Confira aqui o artigo completo sobre o assunto. 

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