Para além da educação e pesquisa: conheça a extensão universitária
Ao ingressar na universidade, é comum que o estudante pense nas aulas teóricas e práticas, trabalhos e provas. No entanto, para além do que se imagina, no ambiente acadêmico é possível explorar inúmeras possibilidades, dentre elas, a extensão.
Aliada à educação e à pesquisa, está a extensão que promove o desenvolvimento social, articulando a aplicação prática do conhecimento científico, do ensino e da pesquisa às necessidades da comunidade local, interagindo e transformando a realidade social.
"A ponte que une a universidade à comunidade externa é a extensão. Para que a universidade tenha sua responsabilidade social reconhecida, é preciso que a comunidade externa a identifique como instituição que garanta o conhecimento, os saberes e a tecnologia, com desenvolvimento social e econômico", aponta Maria Santana, pró-reitora de Extensão, Cultura e Assuntos Comunitários (Proex), da UFT.
Dessa maneira, é por meio da extensão que o estudante tem contato com os problemas da comunidade, para então compreender de que forma ele pode impactar e contribuir positivamente nela. "Depois que o acadêmico sai da universidade, não está mais com o olhar de estudante e sim com o olhar de servidor da sociedade", assegura a pró-reitora.
“As atividades extensionistas são excelentes oportunidades para vivenciar o ambiente profissional, além de proporcionar valiosos conselhos de técnicas aplicadas para as situações regionais”, destaca Gabriel Miranda, acadêmico de Engenharia Civil. O curso, que empreendeu recentemente uma visita a Porto Nacional através do projeto de extensão Conservação dos imóveis do Centro Histórico de Porto Nacional, rendeu ao estudante algumas lições fora da sala de aula. “Foi uma ótima experiência, tanto pela recepção dos moradores e servidores, quanto pela prestatividade e transparência dos responsáveis técnicos pela obra visitada”, conclui.
Nesse sentido, as ações extensionistas são uma via de mão dupla. Divididas entre projetos e programas de extensão, ao mesmo tempo em que a universidade transforma a comunidade local, esta também é modificada pela universidade.
“Um programa de extensão é uma ação interdisciplinar que, por natureza, abriga áreas distintas de conhecimento. Já um projeto de extensão pode ter natureza única, uma ação específica, uma atividade que não necessariamente precisa interagir diretamente com outra área, como um grupo de canto de coral, por exemplo”, explica Bruno Barreto, diretor de Extensão e Cultura da Proex.
Barreto, além de servidor da UFT, é maestro e ainda coordena três projetos de extensão. "A cultura é inerente à condição humana e enriquece nosso currículo humano. Trabalhamos com o público externo e interno e, apesar de cada projeto ter um viés, damos ênfase na formação musical e na formação de público, através da criação de espaços para as atividades culturais. Atuamos tanto com músicos profissionais, quanto com alunos iniciantes", explica.
Desse modo, a extensão universitária compreende a promoção de cursos, palestras e conferências - presenciais ou online -, cursos de férias ou viagens de estudo. Mas também está presente, por exemplo, em modalidades e/ou eventos esportivos, apresentações culturais, escolas e hospitais móveis, entre outros.
Foi através de grupos de mensagens instantâneas, ainda na pandemia, que o acadêmico de jornalismo Kennedy Carneiro descobriu um projeto que lhe acrescentou tanto na vida acadêmica quanto profissional. “Durante um ano e meio, fiz parte do projeto Central QualiTOPAMA, desenvolvido pela UFT e chancelado pelo Ministério da Saúde. No projeto, aprendi a trabalhar online, a me organizar e a mexer em softwares da minha área. Por causa dele consegui me destacar no mercado de trabalho e consegui um emprego na área. Foi uma experiência bem bacana, um período de muita correria, mas também de muito aprendizado”, finaliza.
Já Domingos Amorim é acadêmico de Direito da UFT e descobriu nas artes marciais um mecanismo de integração e promoção de qualidade de vida. “O judô me ajudou a controlar minha ansiedade e também a desenvolver meus laços sociais aqui em Palmas. Foi me deixando mais receptivo ao ambiente, não ficando tão fechado e me ajudou a administrar um pouco melhor o meu tempo, criando uma rotina mais estável”, afirma.
É nesse sentido que o professor de judô da UFT, Victor Kasuo Otsuka, destaca sua experiência com o ensino e os benefícios da prática de esportes. "A docência é sempre inspiradora, porém experienciar isso na UFT é algo único. Os acadêmicos, que no início são acanhados, vão desabrochando suas técnicas e senso de sociedade. O exercício físico se torna uma excelente forma de aliviar o estresse e as tensões do estudo intelectual que, por vezes, tornam-se inevitáveis. A integração social eclética de cursos dentro dos programas de extensão aumenta o círculo social e pode desenvolver conhecimentos e parcerias multidisciplinares”, comenta.
Da mesma forma, Rosemeire dos Santos é professora do curso de graduação e pós-graduação em Serviço Social, no Câmpus de Miracema e há mais de vinte anos se dedica ao taekwondo. É faixa preta, ministra treinos na UFT e vê, na arte marcial, um mecanismo de melhoria de qualidade de vida. “Comecei a treinar no período entre a adolescência e a juventude e a arte marcial me fez saber controlar minhas emoções. Foi também meu refúgio nos momentos mais turbulentos da minha vida. Dessa forma, o taekwondo entrou não só como uma atividade física, mas também como apoio à minha saúde mental”, arremata.
Assim, fica claro que a junção da tríade educação, pesquisa e extensão permite ao estudante viver, de forma completa, o espaço acadêmico. Dessa maneira, no ambiente universitário, o acadêmico é exposto a um mundo de possibilidades que, muitas vezes, tem o poder de mudar o percurso de suas vidas.
Redes Sociais