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EXTENSÃO

Projeto divulga tutorial sobre como fazer máscara de proteção facial que permite a leitura labial

Written by Samuel Lima | Published: Monday, 04 April 2022 08:50 | Last Updated: Monday, 04 April 2022 10:28

A pandemia da Covid-19 trouxe, além das questões de saúde e sanitárias, uma dificuldade a mais para quem depende da leitura labial para entender a comunicação humana, especialmente os surdos. O uso de máscaras, uma das recomendações estabelecidas como condição essencial para reduzir a disseminação do coronavírus pela Organização Mundial da Saúde (OMS), normalmente impede a leitura labial. Como forma de - literalmente - driblar a barreira física, docentes e estudantes dos cursos de Medicina Veterinária (Câmpus da UFNT em Araguaína) e de Letras-Libras (Câmpus da UFT em Porto Nacional), se uniram num projeto de extensão e divulgam um tutorial sobre como confeccionar uma máscara de proteção facial com visor transparente que permite a leitura labial.

VideoTutorial

Confira, abaixo, o videotutorial produzido no projeto e outros dois vídeos demonstrando a utilização das máscaras:

 
Depoimentos

A professora Fabiana Cordeiro Rosa, do curso de Medicina Veterinária (UFNT Araguaína) é uma das integrantes da equipe de criação do tutorial. Ela destaca ainda participação dos outros docentes integrantes do projeto, como o professor Bruno Carneiro, "que fez todo o link com a comunidade que testou as máscaras, além de contribuir com a fundamentação teórica sobre a importância da visualização do rosto para a comunicação na linguagem dos sinais". Carneiro é docente no curso de Letras-Libras (Câmpus de Porto Nacional). 

A docente Roselba Gomes de Miranda, também do curso de Letras-Libras, enfatiza que as máscaras com visor transparente são importantes para garantir a acessibilidade aos surdos. "Nesse período de pandemia, nós surdos sentimos de maneira mais intensa a importância desse acessório. Atividades cotidianas, como ir ao supermercado e ser questionados sobre a forma de pagamento, tornou-se desafiador, porque a região da boca está coberta, impedindo-nos de fazer uma percepção daquilo que o outro está querendo dizer. Muitas vezes precisam abaixar a máscara ou recorrer ao Português escrito", relata. Para ela, mesmo com o término da pandemia, as máscaras com visor transparente continuarão sendo fundamentias para a acessibilidade, mencionando os profissionais da saúde (dentistas e profissionais das Unidades de Pronto Atendimento). "Nesses espaços, máscaras que permitem essa percepção são fundamentais", complementa.

Início, testes e protótipos 

A professora Fabiana conta que no início da pandemia, e com as aulas interrompidas, começou a fazer máscaras de pano comuns para doação. "Em seguida, recebi a demanda de dentro da UFT sobre a necessidade de máscaras com visor para permitir leitura labial vindo dos professores e intérpretes da Língua Brasileira de Sinais (Libras) e comunidade surda, através da professora Kênia Rodrigues. Na época não existiam tutoriais sobre esse tipo de máscara. Apenas algumas notícias sobre elas com fotos. Então comecei a fazer vários testes e protótipos e enviá-los à comunidade surda para testes e feedbacks", conta.

Segundo a docente, pesquisas por moldes e modelos mais adequados foram ocorrendo de forma contínua, junto com os protótipos e testes. "Assim, levando em consideração as experiências anteriores e as necessidades quanto a conforto, adequação ao rosto e respirabilidade, encontrei esse modelo (o atual), testamos e então como a resposta foi bem positiva, pedi a permissão de uso desse molde. O que nos foi  concedido. O molde utilizado atualmente é o de Kaylen Wells Cirilo, e o projeto de extensão recebe o apoio da Pró-Reitoria de Extensão. "Quando o projeto foi concebido, já era claro que eu não conseguiria suprir a demanda para esse tipo de máscara, então o tutorial já estava programado para multiplicar o conhecimento e aumentar a possibilidade de produção desse tipo de máscara", diz a docente, enfatizando que o que muda no processo de produção em relação as máscaras comuns é a inclusão do plástico transparente na região da boca, o que requer etapas de construção mais elaboradas do que a construção das máscaras de tecido comuns. "Todo o processo de montagem da máscara teve que se adaptado, então para isso foram feitos vários protótipos para que conseguíssemos uma máscara eficiente e adaptável ao rosto. Ressaltamos que a máscara com visor realmente é mais trabalhosa de se confeccionar, pois requer mais habilidade de quem está costurando e bastante atenção aos detalhes."

Fotos de alguns protótipos desenvolvidos (Foto: Fabiana Rosa / Divulgação )Fotos de alguns protótipos desenvolvidos (Foto: Fabiana Rosa / Divulgação )Fabiana relata que três protótipos foram testados (fotos ao lado). Em relação à primeira versão do protótipo, a principal queixa dos usuários foi em relação à respirabilidade. O espaço destinado ao plástico foi considerado demasiadamente extenso, de forma que a respiração foi prejudicada e, consequentemente, os usuários relataram pouco conforto. Quanto ao ajuste ao rosto, houve relatos de que faltava adaptação na área do nariz e nas laterais das máscaras, sugerindo que maior cobertura dessas áreas era necessária. "Apesar desses apontamentos, o modelo foi recebido com satisfação, uma vez que, na maioria das vezes, esse era o único modelo disponível que permitia a comunicação com a possibilidade da leitura labial". Na segunda versão do protótipo, ainda relacionada à primeira etapa do projeto, o espaço destinado ao visor foi reduzido, o que foi considerado satisfatório pelos usuários. "Mas, tivemos a iniciativa de testar um modelo totalmente diferente, pensando também nesse caso, na maior facilidade de produção das máscaras. Contudo, esse modelo não apresentava a dimensão da profundidade (máscaras 3D), o que gerou pouca adaptação ao rosto". 

A docente explica que na terceira versão do protótipo, foi mantido o visor reduzido, conforme sugestão inicial, e retornou-se à versão 3D, com recortes que se adaptavam melhor à região do nariz e maior extensão das laterais, proporcionando melhor ajuste ao rosto. Este modelo de protótipo foi considerado adequado em relação aos quesitos comunicabilidade, conforto, respirabilidade e adaptação ao rosto. "Contudo, essa versão é a de confecção mais elaborada, isto é, que apresentou maior uso de materiais, maior tempo e maior grau de dificuldade na confecção entre os três protótipos testados. Contudo, optamos por esse modelo para produção em maior escala e para produção do tutorial pois este foi o mais eficiente nos quesitos avaliados pelos usuários", explica. 

Faça, abaixo, o download do molde (arquivo pdf) para construção da máscara de proteção facial com visor transparente ou copie a imagem disponibilizada:

Molde - Máscara Proteção Facial com Visor Transparente

 Molde Máscara de Proteção Facial com Visor Transparente

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