Violência doméstica: pesquisadoras da UFT unem forças para a criação de protocolo de prevenção ao problema
Com o isolamento social necessário à contenção da pandemia pela Covid-19, tem-se registrado um aumento expressivo nos casos de violência doméstica em todo o mundo. Conforme declaração, na última terça-feira (07), de Phumzile Mlambo-Ngcuka, diretora executiva da ONU Mulheres e vice-secretária geral das Nações Unidas, o confinamento, ainda que medida protetiva crucial contra o contágio global pelo novo coronavírus, tem agravado, nos lares, tensões por preocupações com saúde, dinheiro e segurança, por exemplo. O novo cenário aumenta o isolamento das mulheres com parceiros violentos, distanciando-as, ainda, de pessoas e recursos que poderiam auxiliá-las. “É uma tempestade perfeita para controlar o comportamento violento a portas fechadas”, alerta Phumzile. “Paralelamente, à medida que os sistemas de saúde estão chegando ao ponto de ruptura, os abrigos de violência doméstica também estão atingindo a capacidade, o déficit de serviços tem piorado quando os centros são reaproveitados para serem usados como resposta adicional à Covid”, explica ela.
Atentas a essa realidade, pesquisadoras da UFT uniram-se a profissionais da Defensoria Pública do Estado do Tocantins (DPE-TO) para elaborar o “Protocolo de prevenção e combate às violências contra as mulheres em situação de isolamento vide Covid-19”, contando com as contribuições de outras mulheres que atuam, em seus ambientes institucionais, no combate à violência doméstica. “O desafio é construir algumas ações que facilitem o cotidiano de mulheres em situações de violências e, ao mesmo tempo, isoladas a partir das medidas de combate à Convid-19”, explica Gleys Ially Ramos dos Santos, professora vinculada ao colegiado de Relações Internacionais do Câmpus de Porto Nacional, pesquisadora do grupo Outras - Observatório Feminista e uma das idealizadoras do Protocolo.
Quais são as ações propostas pelo Protocolo?
Segundo Gleys, o Protocolo consiste na tomada de medidas simples que, no entanto, podem se mostrar eficazes em situações de violência. Ela destaca três exemplos:
- encontrar meios de melhor visibilizar números telefônicos de emergência (190, 180), explicando às mulheres como funcionam;
- criar mecanismos para o chamado cuidado comunitário ou cuidado coletivo, em que “mulheres cuidam de mulheres”: “é um cuidado em que as mulheres vizinhas (ou amigas, irmãs, colegas) estão atentas às violências. Criam-se signos e significados (uso de apitos ou outros códigos) que comunicam se uma vizinha está em perigo ou mesmo já em situação de violência”, explica a pesquisadora;
- utilizar os meios institucionais de comunicação para divulgar as formas de se ajudar mulheres em situação de violência, uma vez que, em contexto de isolamento social, muitas não possuem acesso à Internet, telefone ou outros dispositivos em que possam, por si, buscar socorro.
Quer ajudar na elaboração do Protocolo?
O “Protocolo de prevenção e combate às violências contra as mulheres em situação de isolamento vide Covid-19” é um documento em construção contínua, pois acompanha as atualizações e mudanças - por vezes repentinas - frente o cenário da pandemia. Para juntar-se ao grupo, participar dos debates virtuais e colaborar com propostas de ação no combate à violência doméstica, especialmente neste momento, envie um e-mail para This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it..
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